Cada vez é maior a idade em que os casais decidem iniciar a prole, constituir família. Estudos mostram que esta é uma tendência mundial e que chegou com força ao Brasil. A mulher inserida no mercado de trabalho investe na carreira e protela a realização do sonho de ter filhos.

Unindo a constatação acima com a informação de que quanto maior a idade da mulher e, consequentemente de seus óvulos menor sua fertilidade com o fato de que os homens tem apresentado queda na qualidade do sêmen, surge o problema da infertilidade. Quando o casal finalmente decide ter filhos e após a resolução a mulher demora mais de um ano para engravidar, essa situação gera muita ansiedade e incertezas no casal. Por isso, informação qualificada faz muita diferença.

Considera-se um casal infértil quando a gravidez não ocorre depois de um ano de atividade sexual sem proteção. É fundamental que tanto o homem quanto a mulher sejam submetidos a avaliações com médicos especialistas para que as chances de gravidez sejam otimizadas. Nesse clima de ansiedade em busca do filho é comum que se busque “o culpado”. Na verdade, os estudos sugerem que quando ocorre demora na gravidez a responsabilidade é compartilhada. Ou seja, um pouquinho tem a ver com a mulher e outra parcela com o homem. Daí a importância dos dois se submeterem a exames.

O urologista é o especialista indicado para avaliar a fertilidade do homem. Devemos sempre começar pelas recomendações simples. Por isso a troca de informações e esclarecimento de dúvidas já ajuda muito. Nem todo homem sabe que é preciso ter atividade sexual no período fértil da mulher para conseguir a gravidez. Alguns ficam surpresos ao serem informados que é melhor ter relação a cada 48 horas do que todos os dias. Sim, porque assim a qualidade do sêmen melhora.

Alguns me perguntam qual a idade que o homem deve começar a visitar o urologista. Minha resposta é sempre a mesma: assim que o menino deixa de ir ao pediatra ele já deve anualmente visitar o urologista. Vale lembrar que algumas doenças que afetam os testículos podem e devem ser corrigidas ainda na infância e adolescência exatamente para prevenir a infertilidade. Um bom exemplo é a criptorquidia (testículo que não desceu para a bolsa escrotal). Quanto mais cedo o problema for corrigido, maiores as chances de manter a produção normal de espermatozóides.

Outro exemplo interessante é a varicocele. Seriam semelhantes as varizes qua acontecem nas pernas, mas nesse caso ocorrem nas veias que saem dos testículos. Quando elas ficam dilatadas, caracterizando a varicocele, ocorre um refluxo de sangue que prejudica a fabricação e amadurecimento dos espermatozóides na bolsa escrotal. O urologista identifica a varicocele no exame físico do consultório. Quando existe varicocele e prejuízo na qualidade do sêmen que possa ser atribuída a ela, estaria indicada a correção cirúrgica. O ideal é que a cirurgia seja realizada o mais cedo possível, ainda na adolescência inclusive para não afetar o desenvolvimento dos testículos. Essa, por ser uma causa modificável de infertilidade, deve ser identificada e tratada. Existem muitos tipos de cirurgia para tratar a varicocele, mas o que gera maior eficácia com menor risco de complicações é a técnica chamada subinguinal com o uso de microscópio. Somente as veias devem ser ligadas, com preservação das artérias e dos vasos linfáticos.